Seu problema é que você nunca deixa ninguém viver as consequências de te magoar.
Sua compreensão e permissividade estão no automático
🎧 Não fique na dúvida, aperte o play aí em cima! Os áudios não são só narrações simples, são experiências sensíveis, que valem a pena sentir ✨
Uma vez, conversando sobre a vida com uma amiga antiga e que me conhece desde os 15 anos, ela me chamou a atenção pra algo que eu nunca me esqueci:
"Luana, você nunca deixa as pessoas saberem o quanto te magoaram. E depois já está lá de novo, rindo com elas".
Não sei se já ficou claro, mas sempre que te escrevo um texto, estou de alguma forma escrevendo também pra mim.
Queria de todo o coração ser a pessoa que deixa quem me magoou saber com detalhes, mas hoje aceito que sou uma pessoa compreensiva e permissiva. Eu quero mudar alguns padrões tanto quanto você.
Comecei a olhar pra isso desde que ela me disse aquilo. E adivinha? Ela me magoou também, mais de uma vez. E nunca ficou sabendo.
Por quê você protege tanto quem te machuca? O que exatamente está querendo com isso?
O peso acumulado das mágoas que ninguém nunca soube que causou.
Não sei se alguém vai se identificar, mas acho que uma parte importante de isso acontecer comigo tem a ver com a minha personalidade.
Cresci sendo vista como a garota engraçada e desbocada, e de algum jeito, parece que é mais fácil errar comigo, entende?
Já observei isso em várias relações diferentes, e:
Tem quem não leve a sério quando algo realmente sério tá sendo dito.
Tem o meu sorriso que é frouxo, quando o clima não é tão pesado assim.
Tem meu jeito que parece dizer que vai ficar tudo bem, porque eu aguento.
E acontece ao natural. Às vezes eu tento, e quando vejo, já ri com você de algo que deu errado na conversa, como numa cena de comédia, em que os diálogos são exagerados, mas super espontâneos.
É tão simples lidar comigo depois de grandes ou pequenas mágoas, que se sinto que algo doeu, ainda levo um tempo pra validar se não é um grande drama.
Lido com a emoção e sigo em frente, como se nada tivesse acontecido. De verdade, você tá exercendo sua maturidade ao deixar pra lá ou tá com medo de parecer frágil, difícil e intensa?
Onde exatamente a gente se perdeu no limite que entrega aos outros sob as nossas próprias vidas?
E como fazer quando é a gente que faz isso com a gente mesma? Como eu me limito a mudar esse padrão e começo a levar a sério as dores que os outros me causam?
Um ato de cuidado mudaria tudo, e eu sei disso.
Gosto de lembrar de uma paixão enlouquecedora que eu tive aos 18, daquele tipo, que dói tanto que chega a ser bonito. Zero amor, só desgaste com alguém que claramente não me amava de verdade.
E eu gosto de lembrar porque é uma ótima fonte de autoconhecimento.
Aquela Luana, não estava apaixonada, mas queria de todo jeito ser vista. Precisava de algo que ainda não sabia o que era, então apostou todas as fichas que tinha. Se perdeu. Hoje eu sei do que precisava, porque quando passa, a gente sempre sabe.
Uma curiosidade que acho que é incrível de estar aqui, é que foi graças a essa paixão dolorosa que o conceito e identidade do Escritos surgiu. As estrelas, as lágrimas estreladas.
Naquele ano, escrevi um texto chamado "Dor estrelada", e ele é uma demonstração linda e poderosa do que não é amor. E o que esses limites que não sabemos dar, fazem com a gente.
Gravei anos depois uma recitação dele no meu canal, cheia de estrelas nos olhos. E foi como tudo começou, essa ideia de choro que se transforma, de dor que é bonita (…)
Hoje, aquela paixão se tornou um amigo, que jamais descobriu o quanto suas atitudes doeram. Que nunca ficou sabendo que foi motor de um video inteiro e de uma poesia enorme. Que não faço a menor ideia de porque ainda é um amigo, se um dia me fez tanto mal.
Sim, o que estou te contando é algo cru e forte, mas muito real. A poesia recitada, é ainda mais. Tem dor que a gente sente, que não dá pra esquecer.
E se você leu até aqui, você sabe disso e sente, mas não deixa os outros sentirem contigo, né?
A falsa paz que vem de engolir tudo: como o silêncio te protege e te adoece ao mesmo tempo.
Minha dor estrelada foi muito bem guardada, no auge dos 18 anos, era fácil fingir que a vida de pegação era o meu grande babado. Vivi mais ou menos 1 ano de loucura.
Fingindo que não me importava com o que ele fazia, agindo de forma ainda pior. Guardando mágoa e sentindo doer.
Me lembro como se fosse hoje quando decidi que aquele relacionamento sem nome ia acabar. Eu apenas senti que era hora. Foi libertador.
Mas o antes, aquele ano, aquela fase, eu consigo sentir o gosto das lágrimas. Me protegi de uma "fragilidade” ou "humilhação” maior, parecendo não me importar com nada, mas adoeci.
Emagreci muitos quilos, criei vários traumas de relacionamento, demorei a conhecer de verdade a Luana que acreditava que era digna de amor.
Em que momento você aprendeu que sentir era perigoso demais? Quem ensinou pra gente essa autodefesa doentia?
Minha história já faz muito tempo, e eu mudei muito. Aprendi com ela, mas muitas partes ficaram em mim. Eu melhorei, mas ainda carrego essa coisa permissiva. Quantas pessoas te feriram e nunca souberam disso? Quem você ainda trata bem demais, mesmo depois de ter doído muito?
O início do rompimento desse ciclo. Pequenas ações que colocam limite e verdade na mesa:
✨ Dizer “isso me machucou” sem se justificar.
✨ Respirar antes de responder, pra não apagar sua dor com “tá tudo bem”.
✨ Mandar uma mensagem sincera, mesmo que pequena: “eu queria ter dito, mas me calei”.
✨ Não puxar assunto primeiro só pra manter a paz.
✨ Permitir que o outro sinta o desconforto (sem correr pra aliviar o clima).
✨ Reescrever a ideia de “maturidade”, como alguém que também fala o que sente.
✨ Treinar frases simples que você gostaria de conseguir dizer: “isso não foi legal comigo”, “não quero fingir que tá tudo bem”.
De novo, estou te escrevendo com dicas que já usei, mas que já corri pra longe tentando jamais executar.
Eu não sou uma diva do autoconhecimento, mas uma sobrevivente do caos que é viver, e que deseja muito evoluir e melhorar por mim. Principalmente por mim.
Esse desejo é algo que também precisa surgir em você. No fundo, a gente sempre entende as nuances e os pequenos detalhes que nos fazem agir como agimos.
Seja porque você tem medo de abandono, de confronto, severos indícios de dependência emocional, despreparo pra conversas difíceis ou até a sensação meio intrínseca de que agindo mais pelos outros do que por você, isso é ser uma boa pessoa (…) é preciso enfrentar isso, mesmo com todo o sangue emocional que vem junto.
Descubra que parte de você precisa de mais cuidado e limite-se!
“Ser bom não é sobre se anular. É sobre saber onde você termina e onde o outro começa.” Priscila Fernandes (psicóloga e autora brasileira).
Dignidade e saúde mental são uma dupla, e elas querem muito formar um trio com você.
Como todos os assuntos que gosto de trazer, a gente sempre acaba caindo em uma grande reflexão que acaba se voltando direto pra nós mesmos.
Desde pequena, eu sei e sinto que os acontecimentos mais dolorosos que eu ia encontrando pela frente, poderiam ter sido mais fáceis, se eu tivesse olhado com mais carinho pra o que eu sentia.
Ter a saúde mental em dia (não adianta, é uma luta que vai durar toda a nossa vida), entre quedas e mais quedas, de coisas que não conseguimos entender. Mas a dignidade emocional, algo que claro que ouvi da minha psicóloga, é algo que já podemos ir construindo por agora.
Dignidade emocional é a sensação de ser valorizado, respeitado e seguro emocionalmente, permitindo que a pessoa se sinta livre para expressar suas emoções sem medo de julgamento ou humilhação. É um estado em que a pessoa reconhece o seu valor intrínseco e se sente merecedora de respeito e bem-estar.
Detalhes que fazem a nossa dignidade ficar mais forte:
entender as próprias emoções;
respeito por si mesmo e pelas pessoas ao nosso redor;
fugir de comparações e se julgar menos;
se sentir livre pra opinar seus incômodos (o tema central do nosso texto);
empatia, pelos outros e por si mesmo.
Hoje sei que ao mostrar minha dor naquele texto, ainda que de forma misteriosa e sem dar nomes àquela paixão, eu estava aprendendo mais de mim, superando coisas comigo mesma, encontrando algo aqui dentro que tanto me faltava.
Meu amigo e ex tóxico, não soube o que causou, e é graças a aquela dor enorme que eu sentia com nossa falta de diálogo verdadeiro, que meus relacionamentos hoje são muito baseados em conversas que eu sei que preciso muito ter.
Minha amiga, que colocou aquele tripléx na minha cabeça, não esteve por aqui a tempo de eu descobrir isso, porque fui embora antes, cansada de ser machucada.
E quer saber? Talvez, mostrar minha dor pra essas pessoas, ter colocado os limites e ter falado ainda que fosse incômodo, teria sido justamente o que poderia mudar a relação, antes de acabar. Ou também o exato motivo pra acabar de vez.
E tudo bem. Porque teria sido um sentimento importante colocado pra fora, entende? Eu já seria menos permissiva, do que ainda sou hoje e eles já teriam vivido as consequências do que me causaram.
Permissividade não é perdão. É silêncio com medo.
Dizer o que sente é dignidade emocional.
Não com o outro, mas com você.
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Deixe um comentário, escrevendo uma frase que você teria dito naquele dia, pra aquela pessoa (se não tivesse silenciado tudo o que sentiu)
Pra te encorajar, eu começo:
Você me tratou com tanto desrespeito, que eu cheguei a acreditar que merecia aquilo. Nenhuma desculpa sua vai ser suficiente agora. Espero que saiba disso.
Lembre-seeee, você já pode ser um assinante pago por apenas R$ 8 mensais. Sim, R$ 8!!! Considere virar um leitor estrela da sua escritora mais intensa. Ainda não te provei que o conteúdo que te envio tem valor emocional real?
Até a próxima,
Lua.
Meninaaaa que pedrada! Uma pedrada tão grande que ecoa dentro de mim "ela está coberta de razão mas eu não tô pronta pra isso ainda". Em alguns momentos, eu consegui falar. Em outros, apenas me calei, pensando que a outra pessoa estava pior do que eu no momento... E vamos falar a verdade, mães costumavam ser muito assim: primeiro te reduz a nada, e 1h depois "oi, vem almoçar, fiz bife que você gosta" e isso magicamente sumia com toda a mágoa - na cabeça delas.
lua do céu!!!! obrigada por tanta reflexão. em muitos momentos eu ainda sou minha própria agressora emocional, silenciando minha dor, diminuindo o que eu sinto, por medo de não ser compreendida, inclusive conversei muito sobre isso hoje com minhas amigas. um ponto que me pegou muito é a ideia de que permissividade não é perdão, é medo. tô assim 🤯